Terapia da Fala e Otorrinolaringologia
A Terapia da Fala, área cada vez mais desenvolvida e em crescimento contínuo, marca o seu próprio território. Os avanços que esta área da saúde tem conquistado tornam inquestionável a sua importância dentro do meio da saúde e dentro das equipas multidisciplinares
No que toca à terapia vocal, área estudada pela Terapia da Fala, a realidade não é diferente. Atualmente, cada vez em maior escala, é verificada a importância que este profissional de saúde oferece a pacientes que realizam tratamentos do foro otorrinolaringológico. .

A ampla compreensão da anatomia e fisiologia das estruturas envolvidas nas funções de voz, fala, mastigação, deglutição e mímica facial, bem como o conhecimento das diferentes modalidades de tratamento, permite ao Terapeuta da Fala determinar os comprometimentos esperados para uma determinada abordagem terapêutica, possibilitando estabelecer uma conduta individualizada e fundamental no auxílio da reabilitação vocal.
A patologia vocal, denominada por disfonia, diz respeito a qualquer alteração detetada na voz. Disfonia foi definida por Behlau e Pontes (1995) como sendo toda e qualquer dificuldade ou alteração na emissão vocal que impede a produção natural da voz.
A disfonia está por inúmeras vezes ligada a patologia do foro otorrino, tais como nódulos das pregas vocais, pólipos das pregas vocais, edema de reinke, úlcera de contato nas pregas vocais ou granoloma nas pregas vocais. Em todas estas patologias a ação do terapeuta em conjunto com o médico especialista é de extrema importância, pois o terapeuta pode, em larga escala, auxiliar todo o trabalho médico desenvolvido, diminuindo o tempo de reabilitação para estes pacientes e consequentemente muitos dos gastos económicos que essa reabilitação aumentada acarreta.
Qualquer reabilitação vocal está dependente de uma boa cooperação entre o Terapeuta e o médico Otorrino, o qual não possui habilidades para sozinho reabilitar totalmente estes indivíduos. Só assim será possível eliminar definitivamente os fatores que causam as patologias, diminuindo em grande escala a possibilidade de reaparecimento destas após o tratamento exclusivamente médico.
O médico otorrino está apto a realizar cirurgia para remoção de, por exemplo, pólipos vocais. No entanto, este profissional de saúde não está habilitado a realizar reabilitação vocal, na qual se pressupõe que o paciente seja ensinado a eliminar maus usos e abusos vocais, e seja reabilitado no sentido de adquirir padrões vocais funcionais. Assim, uma eficaz cooperação entre Terapeuta da Fala e Médico Otorrinolaringologista, resume-se numa reabilitação mais rápida e mais eficaz, nas quais as probabilidades de reaparecimento de patologias são diminuídas.

Casos mais graves podem também aqui ser abordados, já que é incontestável a importância do Terapeuta da Fala na equipa responsável pelo tratamento do cancro da cabeça e do pescoço
O Terapeuta da Fala ampliou o campo de atuação nos casos oncológicos da cabeça e do pescoço, passando a intervir nas intercorrências alimentares, nos comprometimentos de fala, de mímica facial e de motricidade orofacial, além das sequelas vocais.
As cirurgias ablativas são, em princípio, adequadas a impedir a progressão dos tumores e, em muitos casos, conseguir a sua irradiação. Contudo, em maior ou menor grau, condicionam alterações significativas na voz, fala e deglutição, áreas de influência e de intervenção dos terapeutas da fala.
Nestes casos o objetivo principal da intervenção dos Terapeutas da fala é dirigido ao restabelecimento dos padrões de comunicação e alimentação, através de um trabalho direcionado para as estruturas remanescentes.
Desta forma, torna-se evidente a necessidade de integrar terapeutas da fala em parceria direta com médicos Otorrinos. Desta estreita cooperação, não só beneficiariam os profissionais de saúde envolvidos pela simplificação do trabalho, efetuado, como beneficiariam também todos os pacientes, os quais receberiam um tratamento mais eficaz, que seria de todo melhor adaptado a cada paciente.